28 fevereiro, 2003

Mais atualização
Agora é sério mesmo: vai lá no RH NEGATIVO e dá uma olhada no press-release que eu recebi em abril de 2002.

E já que falamos em Sérgio Alves
O centroavante que se destacou há uns quatro anos jogando no Ceará saiu do Guarani direto para a Ponte, como eu disse uns quatro posts a baixo. Vale lembrar outras visões, quem sabe dez visões chocantes que uma torcida já teve o desprazer de experimentar. A primeira, claro, insuperável. Vamos a elas:
As dez "camisas trocadas" mais terríveis para um torcedor
1- Zico, com a camisa do Vasco, na despedida do Roberto Dinamite. Terrível para a torcida do Flamengo
2- Rondinelli, idem, mas não em festa. Ele jogou no Vasco mesmo.
3- Reinaldo, o Reinaldo do Galo, quando jogou no Cruzeiro, em fim de carreira. Terrível para a torcida do Atlético Mineiro
4- Petkovic com a camisa do Vasco. Terrível para a torcida do Flamengo.
5- Bebeto com a camisa do Vasco. Terrível para a torcida do Flamengo.
6- Casagrande com a camisa do São Paulo. Terrível para a torcida do Corinthians.
7- Romário com a camisa do Flamengo. Terrível para a torcida do Vasco.
8- Ricardinho com a camisa do São Paulo. Terrível para a torcida do Corinthians.
9- Batista com a camisa do Grêmio. Terrível para a torcida do Internacional de Porto Alegre.
10- Garrincha com a camisa do Flamengo. Terrível para a torcida do Botafogo.
Algum acréscimo?

27 fevereiro, 2003

Falando novamente
O Falaê publicou nova edição, que está ótima. O site está cada vez mais "navegável", vale a pena clicar aí. E, puxando a brasa para a minha sardinha, dentro em breve vou voltar a ter uma coluninha para falar das mazelas dessa cidade, e também das coisas boas. Antes, ela que se chamava "Final da Voluntários", agora terá outro nome. Algo a ver com Rio.

25 fevereiro, 2003

Correção para erro grave
Rodrigo Gustavo, leitor e semi-xará, faz correção a um erro grave cometido por mim em um dos posts abaixo: a Ponte Preta não está há 15 anos sem vencer o Guarani, pois este tabu foi quebrado no Brasileirão do ano passado, na data registrada por ele nos comments. Perdoem a falha.
Agora, me parece que ainda há um tabu no Estádio Moisés Lucarelli - a Ponte não ganha o Derby lá há algum tempo, quase 20 anos.

Atualização
Tem post novo lá no RH NEGATIVO.

24 fevereiro, 2003

Ele está vivo
Confesso que fiquei preocupado com o camarada Inagaki, mas como recebi um email dele solicitando meu voto no Ibest (já votei, e nem precisava pedir), fiquei mais tranqüilo. Explico: ontem, onze da manhã, assisti no SBT ao Derby, o clássico entre Guarani x Ponte Preta. Vitória espetacular do Bugre por 3 a 1 - mas com ingredientes espetaculares. Vamos a eles:
1- Há mais de 15 anos a Ponte não vence o Bugre, apesar de sempre estar em melhor fase
2- A Ponte já estava eliminada, o jogo não valia nada. O Bugre precisava da vitória. O estádio LOTOU de torcedores da Ponte que foram lá só para torcer para a Macaca eliminar o Guarani.
3- O jogo foi no Moisés Lucarelli, estádio da Ponte.
4- O gol da Ponte ainda foi do Sérgio Alves, que lá em Campinas deve estar sendo visto como traidor (acho que foi o primeiro que vi a sair direto de um time para outro)
5- A vitória do Bugre só se decidiu no final, após Vágner e Alexandre, juntos, perderem o mesmo gol e depois do goleiro bugrino Jean salvar a pátria diversas vezes. Uma atrasada de bola horrenda do zagueiro Marinho (aquele que ano passado perdeu a bola para Romário dentro da área da Ponte) e, pímba, gol do Guarani, de Vágner. E o mesmo Vágner, em uma arrancada espetacular pela direita, cruzou para Esquerdinha fechar o marcador. Delírio, explosão no estádio, loucura total. Deméritos para o juiz que deu cartão amarelo para Vágner e Esquerdinha por "excessos na comemoração". Babaquice pura. Porra, um clássico daqueles, jogo supercorrido, pressão da torcida, o cara faz o gol decisivo e não pode vibrar?
Na hora do terceiro gol, eu disse a Marcele o que temia: "Acho que o Inagaki em breve será encontrado deitado com a camisa do Guarani em uma sarjeta, abraçado a uma garrafa de cachaça, com um cachorro lambendo seu rosto". Bom, menos mal que o grande Inagaki parece não ter se "excedido na comemoração". Nada de cartão amarelo para ele. E boa sorte nas finais!

Rio, cidade morta
Ontem mesmo, ao telefone, conversava com Marcele sobre a mais nova moda do crime: os arrastões em ônibus. E comentei com ela, "pois é, o Rio acabou, tornou-se inviável, já era". Mais tarde, passando de táxi na Avenida Atlântica por volta de meia-noite, indo da livraria Letras & Expressões ao Cervantes, vimos a lua brilhando, meio avermelhada, sobre a praia de Copacabana. Eu disse, "isso aqui é bonito demais, pena que acabou, agora é dos bandidos, mendigos, travestis". Nada mais verdadeiro - se você acha que não, experimenta passear a pé no calçadão depois das 20h.
O Rio realmente acabou. Continua lindo, mas um lindo cadáver. Se você não mora aqui e ouve sempre falar, nunca veio, e sonha vir conhecer, esquece. Sério mesmo, esquece. É dificílimo um lugar onde você não seja assaltado, atacado, achacado, corrompido, pressionado. Todos em volta parecem querer seu dinheiro: assaltantes, pedintes, mulheres que usam criança no colo, pivetes, camelôs e até mesmo policiais. Por isso, você de fora, não venha ao Rio. É perigoso mesmo.
Você acha que estou sendo fatalista? Bom, então pensa o seguinte: o que ajuda a evitar que pessoas se tornem criminosas? Emprego e salário. Oito anos de FHC ajudaram a acabar com o primeiro item. O segundo, bom, se eu que sou jornalista já não recebo um salário interessante desde abril de 2001, imagine quem é balconista (não que eu ache a primeira profissão mais digna que a segunda).
Aí vêm os seqüestros e ajudam a afastar o empresário que, se não gera salário, pelo menos gera emprego. Lembrem bem, muita gente já deixou de se instalar aqui, apesar do propagado crescimento da indústria fluminense (crescimento no qual eu me recuso a acreditar) nos últimos cinco anos. Junto com os seqüestros, a insegurança, a violência, o desemprego. E para arrematar de vez, vem a governadora e AUMENTA O ICMS! Sério! Aumenta o imposto que em diversos outros estados vem sendo reduzido - alguns dão até isenção temporária para atrair empresas.
Tudo para arrecadar verba que, se não for para colocar na Suíça, no mínimo é para políticas assistencialistas/paternalistas.
Sim, o Rio de Janeiro acabou. A população criminosa está finalmente alcançando a não-criminosa em termos de números. Logo seremos meio a meio.
Alguém ainda duvida? Então é só dar uma olhada em O GLOBO. Clica no nome do jornal, por favor. E lamente comigo: obrigado Brizola, Moreira Franco, Marcello Alencar, Garotinho, Benedita. Obrigado FHC, Itamar, Sarney. Vocês conseguiram destruir o que somente Deus poderia ter criado, que é essa cidade aqui.

23 fevereiro, 2003

Dois dias de paz e música
Sexta, mais um show espetacular do Big Gilson no Ballroom. O cara realmente é foda. Toca demais, tem alma, talento, musicalidade e é capaz de transformar uma noite em que você só pensa na falta de dinheiro em um evento especial, onde você entra no cheque idem. Foi o que aconteceu comigo, mas tudo bem. Eu e Marcele curtimos, e isso é o que importa.
Dia seguinte, juntos desde cedo. Ouvimos diversos CDs, entre eles o "Pieces of you", da Jewel, o "Kid A", do Radiohead (que acho espetacular), aquele do Portishead do qual não me lembro o nome e o "In the west" do espetacular Jimi Hendrix. Na TV, vimos "Parque dos Dinossauros 3" e o documentário-making off "Gimme some truth". Lennon gravando "Imagine", um excelente disco de sua carreira, enquanto sua mulher Yoko torra o saco de todo mundo. Mas as músicas e mais os conceitos sobre amor e relacionamento emitidos por John e Yoko ainda são coisas de fazer a gente parar e pensar na hora.
Claro, no meio de tudo isso, nesse sábado passado no ar condicionado, o velho e bom macarrão à Carbonara que preparei para Marcele (caprichando no molho de manteiga e gorgonzola mas infelizmente colocando menos creme de leite que o usual), acompanhado por um mate gelado.
Até que é possível passar um dia sem gastar dinheiro - ainda que o ar condicionado vá explodir a conta de luz a níveis estratosféricos. Mas isso é coisa para o mês que vem.
Até lá, com certeza, já faturei a mega sena.

17 fevereiro, 2003

O Marketing da Era do Fome Zero
Minha atual crise financeira (ou quebradeira total), além de me ter levado a colocar um banner do Mercado Livre aqui nessa bodega para tentar faturar alguns trocados, também me levou a inventar o Marketing da Fome. Vejam a mensagem que mandei para várias pessoas (e agora estou mandando para vocês, através do blog):


Primeiro, o serviço:
Eu e o DJ Murilo Fiuza de Melo estaremos nesta quinta-feira, dia 20, na SPIN (Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema - no quarteirão da praia, que dá mão da Vieira Souto para a Praça General Osório), a partir das 22h, promovendo a edição número ZERO da festa APARECEU A ELISÂNGELA.
O motivo do nome da festa só será revelado na edição número 1, após o Carnaval. Mas se você for lá a gente conta.
Entrada: R$ 5
Consumo: R$ 8
Mais informações por este email ou durante o dia pelo gustavoa@lancenet.com.br
Agora, as explicações para a cara de pau de enviar este spam.
Eu juro que não é pelo dinheiro.
Eu gosto de ver gente dançando ao som de Beatles, Stones, Nirvana, REM, Jorge Ben, Novos Baianos, The Who, Jimi Hendrix, Neil Young, Radiohead, Pixies, Lemonheads, Roy Orbison, Elvis e uma porrada de outras coisas. Gosto mesmo.
Juro mesmo, que não é pelo dinheiro.
Me amarro em ver gente que não se vê há um tempão se reencontrando por causa de uma dessas festas que eu vivo tentando promover - usando sempre o mesmo método, o de encher o saco dos outros por email.
Não, por favor, não é pelo dinheiro mesmo.
Só quero fazer com que, nesta quinta-feira próxima, dia 20, haja algo para se fazer, e algo legal, que é beber cerveja ou outra coisa, dançando som legal e no ar condicionado.
Bom, se vocês acreditaram que não é pelo dinheiro, apareçam. Eu juro que é mesmo. Agora, se vocês não acreditaram, apareçam assim mesmo e reclamem de tudo. Afinal, vocês estarão pagando, pôxa.
Um abraço.


Bom, gente, eu escrevi isso e fiquei pensando: pô, tá bom, eu não sou DJ e nem quero ser. Mas sem saber porra nenhuma de sampler ou de tecno ou de Drum and Bass (que para mim, repito, continua significando Ginger Baker e Jack Bruce), acho que nesses últimos dois anos em que venho me metendo a colocar som, foi divertido também para quem ouve.
Então, não minto se disser que fiquei feliz sempre, vendo que todo mundo ainda tem um pezinho no velho e bom rock and roll.
É isso aí. Chega de comerciais.

16 fevereiro, 2003

Bloco de notas
O cantor e roqueiro Léo Jaime tem um blog bem interessante, divertido, com textos enormes mas que são agradáveis de ler. É o http://www.leojaime.com.br/bloco.htm. Vale a pena dar uma olhada. Até mandei um email para o cara, pedindo para ele recordar uma entrevista sensacional que ele deu à Casseta - na entrevista, Léo defendia que o homem, antes de sair para a noite, deveria se masturbar para ficar mais calmo, menos afoito e evitar assim que fizesse algo do qual se arrependesse depois. Engraçado que anos depois, no filme "Quem vai ficar com Mary?", um dos personagens aconselha o personagem de Ben Stiller a fazer o mesmo. "Don´t go out with a loaded gun", lembram-se? As conseqüencias, porém, no filme, não são muito boas para o estômago.

Werfremdungseffekt
A expressão acima, em alemão, significa algo como "olhar de estranhamento" ou "efeito de quem é estrangeiro a tudo". Teria sido criada pelo Bertolt Brecht. Não, eu jamais li uma linha sequer de Brecht e sequer pretendo ler. Minto. Li aquele texto chatérrimo, "O analfabeto político", que era estampado em camisetas e nos induziam a concluir que todo mundo que não usava estrelinha do PT, preferia bolsas comuns e não tinha lido nem o "Livro Vermelho" nem "O Capital" era babaca. Ou no mínimo culpado.
Conheci a expressão "werfremdungseffekt" em uma crônica do Fausto Wolff, jornalista de esquerda radical, inteligentíssimo, conhecido nos meios como "lenhador canadense", devido a seu porte físico gigantesco. Ele a usava para ilustrar a maneira com que devemos nos comportar diante do mundo, da miséria, da violência, da fome. Pelo menos uma vez por mês devemos olhar para a realidade que nos cerca com o tal "werfrendungseffekt". Nem que seja para fazer como Cortázar, "Instruções para chorar", pensar em um pato morto coberto de formigas ou em um desses golfos do extremo Sul onde ninguém jamais passa.
Hoje, vi pássaros voando muito alto, em formação de >. Fiquei pensando, "quando eles cansam, ou somente um cansa, como decidem que vão parar, como decidem onde vão pousar para descansar?. Meio assustador.
Aí você acordar no meio da noite e pensa, "assim é a vida?". "Eu vou sobreviver? Estou fazendo algo certo? Não vou virar mendigo? Serei necessário em alguma coisa?". É quando nosso olhar de estranhamento se volta para nós mesmos. Também poderia ser substituído por "o horror, o horror".
Mas olho uma fotografia na minha cortiça, lá está ela, me abraçando e sorrindo. E, por um momento, meu olhar já não era de estranhamento, e sim de carinho, de saudade (dois dias sem nos vermos). E pensei que juntos, perto um do outro, não teremos medo.

15 fevereiro, 2003

Listas, listas, listas
Os dez maiores aborrecimentos do pequeno-burguês classe média meio consumista
1- Ouvir que o "sistema está fora do ar"
2- Dizer "Não aceitam cartão?"
3- Escrever endereço no verso de cheque
4- Defeito em bateria de telefone sem fio
5- Defeito em bateria de celular
6- Não ter táxi na cooperativa quando o pequeno-burguês está com pressa de sair à noite
7- A frase "tem, mas acabou"
8- Erro em conta de restaurante
9- Cerveja quente
10 - Segurança perguntando "cadê a comanda"
Nossos aborrecimentos, posto isto, são tão cacetes e comezinhos que a vida selvagem passa a ser até uma vida verdadeira - como em "Náufrago", onde Tom Hanks é obrigado a extrair um dente dolorido com ajuda de um par de patins para gelo. Não me perguntem como, se não viram o filme.

Acho que eu disse
Na época da Copa do Mundo, troquei figurinhas com alguns jornalistas de fora. Um costarriquenho, Harold Leandro, um turco, Murat Agca, e um chinês de que não me lembro o nome - sem contar o português Norberto Lopes, de quem me considero amigo e nos falamos até hoje. O turco me pedia opiniões, e eu ia mandando. Meses depois, olho o Google e me deparo com meu próprio nome na internet. Vou lá conferir e era isso aqui:
Gustavo de Almeida (Lance-Brezilya gazetesi) "Türkler golden sonra ritmi kaybetti. Bazen iyi takýmlarýn da þansa ihtiyacý olur. Türkiye, Parks’ýn golünden sonra þansý sayesinde yenilgiden kurtuldu. Son maçlara bakarsak, ben Türk takýmýnýn tur için Kosta Rika’dan daha fazla þanslý olduðunu düþünüyorum."
Pois é, está escrito lá em http://www.milliyet.com.tr/2002/06/10/spor/spo05b.html. Acho que foi isso mesmo que eu disse, os caras não editaram nem uma vírgula....


Senhores passageiros, eu podia estar roubando, eu podia estar assaltando
A recente falência na conta bancária me leva a apelar para todos os tipos de recursos honestos para tirar um troco. Por isso, coloquei banners do Mercado Livre aqui nessa bodega. Se você não é cadastrado e viu alguma coisa que está a fim de comprar, por favor, cadastre-se através de um desses banners que coloquei e adquira o seu produto. Você estará colaborando para uma melhor distribuição de renda e tirando um menor (só no tamanho) da marginalidade.

No tapete verde
Sinucão de sexta-feira, de meia-noite até quatro da manhã. Eu, Marcele, Maggi, o dono da birosca, o repórter de variedades e em dado momento a esposa do mesmo com amigos. Programaço, com som legal (fora os 60 minutos de Adriana Calcanhoto que definitivamente não combina com sinuca), chope gelado, ar condicionado e atendimento nota 10 da dupla Russo e Washington.
Descobri que minha minha namorada é realmente tudo o que eu sonhei para mim: além de tudo o que eu já sabia, demonstrou que tem sorte e talento para o tapete verde, me ajudando a vencer a dupla Maggi & Marlos. Pena que perdemos a melhor de três, pois eu, já meio de porre, entreguei vergonhosamente os dois jogos seguintes tentando e errando bolas altas.
Aliás, outro motivo pelo qual ela é tudo o que é para mim: ela não bebe, o que me "obriga" a beber pelos dois.

Aquela nuvem que FICA lá em cima sou eu
Nada como acordar em um sábado e ver que está tudo completamente nublado. Frase absurda? Explica-se: no Rio de Janeiro, a menos que você use saia e roupa com ombros de fora (ou possa passar o dia inteiro de roupas de praia), a vida é quente. Andar do Metrô da Praça Onze até o trabalho, coisa de cem metros, já basta para te deixar completamente suado. Almoçar? Só na pensãozinha da esquina. Quem agüenta uma caminhada sob o sol inclemente, vestindo roupa normal, jeans de 50 quilos, tênis?
Por isso, acordar para trabalhar, meio de ressaca, e ver que a temperatura está razoável e que nuvens tampam o Grande Vilão é algo animador. Repito, gosto do sol, principalmente quando estou em uma piscina de Penedo. Trabalhando, ele se torna o Grande Vilão, patrono das testas suadas e padroeiro das rodelas de suor nas axilas (mal que, felizmente, não me atinge).
Hoje está nublado, dá vontade de ouvir "Beautiful Day", do U2.

Ibest
Tive o prazer de votar duas vezes no Flamengo Net, que tem entre diversas atrações o colunista Juan Saavedra. Na categoria Pessoais-Futebol e na categoria RJ. Peço aos amigos que ajudem com um voto este grande site da Nação Rubro-Negra. Ah, desnecessário dizer que votei no blog do Inagaki, que para mim é algo extraordinário que deveria estar até hors-concours.
Sim, se você pensou isso, está certo, eu sou puxa-saco do Alexandre Inagaki, assumido. Vai , porque a conclusão é inevitável: o Inagaki escreve e pensa pra caralho e um dia ele vai ser famoso ou algo do gênero (na verdade ele já é famoso) e eu vou ser contratado por ele como assessor de imprensa. Simples, assim.

Clínica Tobias = posts espetaculares
Nada como procurar blogs nas tabelas laterais dos outros. Achei o Clínica Tobias lá no blog do dono da birosca, e desde então tenho me deparado com textos e reflexões extraordinárias. Como não conheço o dono, resolvi publicar sem autorização os dois sensacionais posts abaixo. Logo em seguida, meus adendos e reflexões.
Roda Viva
Zeca Pagodinho é um bom exemplo do gosto da gente besta. Nos anos 80, minha prima assistia a shows dele com seis ou sete cachorros pingados no antigo "Roda Viva", da Urca. Zeca, Almir Guineto e Arlindo Cruz eram a trilha sonora da rádio 98 FM. "Música de empregadinha", diriam os entendidos.
De um dia para o outro, o samba de partido alto virou "cult". A gente besta que freqüenta o CCBB passou a procurar seus discos nas prateleiras da Saraiva Mega Store. (Daria um maço de Marlboro para saber como essas coisas acontecem!). Sujaram o nome do pagode, dizendo: "Eu gosto mesmo é de partido alto". Deus que não existe, neguinho não entende nada...
O Zeca vendeu, vendeu, até que vendeu demais. Bebeu uísque no Jô Soares, caiu na boca da seleção brasileira de futebol e fechou a ciranda. A gente besta não quer se misturar: "O Zeca já foi melhor", dizem com empáfia e falsa intimidade.
Volta o Zeca Pagodinho para a 98 FM! Voltam os entendidos para aquela banda sueca. Que banda sueca? Aquela de nome japonês, que gravou um disco em francês na Austrália, com influências eletrônicas e tambores aborígines! Não conhecem? Está mastigadinho aí embaixo.
postado por: César Guerra Chevrand 3:26 AM
***
Aquela banda sueca
Ainda lembro o que passou. A Marisa Monte desconhecida era cult. Tribalistas é um lixo. Caetano Veloso tropicalista era cult. Caetano Veloso "Sozinho" é um lixo. Bom mesmo é aquela banda sueca, de nome japonês, que gravou um disco em francês na Austrália, com influências eletrônicas e tambores aborígines.
Fazer sucesso no Brasil é problemático. Sempre foi. Ninguém aqui quer gostar do que o povão canta e lê. A graça é cultuar a banda sueca, de nome japonês, que gravou um disco em francês na Austrália, com influências eletrônicas e tambores aborígines, ou o escritor que publicou seu primeiro livro de poesias em 1965, matou a mulher em 1966, foi preso em 1967 e se suicidou em 1968.
Isso é que é bonito!
Vender milhares de discos é ofensa. Pessoal e intransferível. Para se manter no gosto dos entendidos tem mesmo é que vender três mil unidades para o mesmo grupo de sempre. Se o porteiro do prédio cantarolar, se o trocador do ônibus assobiar, está na hora de procurar o "novo obscuro".
Quantas vezes o camaradinha ouviu: "Aquele primeiro disco da Marisa era tão bom! O que será que aconteceu?" ou "Só gosto de Caetano até 1978. Depois não presta!"?
Gostar do que ninguém ou poucos conhecem e admiram confere um status especial: "Puxa, ele é tão sensível!". "Nossa, ela conhece aquela banda sueca!".
Eu, no pátio da Clínica, apenas rio - e às vezes tenho pena - da gente besta. Neguinho não entende nada...

***
Taí, alguém colocou o dedo na ferida. O exemplo do Zeca Pagodinho é mais claro ainda. Eu daria uma garrafa de Jack Daniel´s para entender como essas coisas acontecem. Vejamos, por exemplo, Jorge Benjor. No início dos anos 90, tipo 1991, lançou W/Brasil, e foi do cacete. Todo mundo ouvia. O homem dava um show por mês no Arpoador, lotava. Deu um ano, mais ou menos, e Jorge Benjor passou a ser sinônimo de baba. Aliás, gosto do som dele, principalmente nos primórdios, mas não dá para deixar de reconhecer que o show dele é exatamente o mesmo há pelo menos 25 anos. Ou seja, é baba.
De repente, DJs e repórteres de Cultura "redescobrem" Jorge Benjor. Não, não foi o cidadão comum, o cara que compra, gosta, consome - esse não tem o direito de ouvir nada antigo sem que seja rotulado pelas pessoas modernas de "datado", "cafona" ou "já era".
Quem tem a atribuição divina de "redescobrir" são os DJs e repórteres de Cultura. Terror. Até hoje escuto "Led Zeppelin 3" escondido, com medo de ser censurado. Tou brincando. Mas não costumo revelar nas rodinhas que "Déja Vú", de Crosby, Stills, Nash & Young é meu exemplo de disco perfeito.
Aí neguinho "redescobre" e "resgata" a música de Jorge Ben (que é como eu chamo esse ilustre rubro-negro - desculpem o pleonasmo). Passa a ser "bom", passa a ser "dançante", porque afinal, uns meses antes, uma gravadora lançou discos de "samba-rock", mas não uma gravadora mainstream, dessas que lançam CDs do Backstreet Boys, e sim uma gravadora seleta, "alternativa"; pronto, coincidentemente, a galerinha e as gravadoras estavam bem afinadinhas de pensamento. Aliás, não posso esquecer a surpresa que eu senti na época do Rock In Rio ao ver vários críticos fanáticos por música eletrônica, de repente, atestarem que Neil Young é Deus (o que é a mais pura verdade). Sendo que durante anos eu não lia uma linha sequer sobre o extraordinário canadense, a não ser quando ele gravava com o Pearl Jam.
Talvez o sentido da música, do gosto, esteja seguindo a dinâmica da exclusão - se eu gostei primeiro e os outros não, é porque é bom. Ou, se só uma galerinha gosta, é bom. Só isso explica porque Zeca Pagodinha "agora" é ruim, mas antes era bom.
Por essas e outras que tenho orgulho em partilhar da amizade do grande André "The Axe" Machado, um sujeito que admite publicamente que adora o Kiss e foda-se.

14 fevereiro, 2003

Reflexões sobre um país de merda
O melhor título de livro que eu conheço é aquele do Ignácio de Loyola Brandão: "Não verás país nenhum". Acho que é por aí. Na minha opínião, o Brasil caminha a passos largos para a falência em todos os aspectos - vivemos na "democracia" do dinheiro, sob o domínio do medo (o Rio já é pior que Medellin há muito tempo, e periga virar uma nova beirute) e em termos de cidadania, estamos regredindo.
Prova disso é o seguinte: os gorilas de estabelecimentos noturnos têm salvo-conduto para serem arbitrários com quem eles quiserem. Se te ameaçarem, você tem que engolir. Te tratam como "ladrão" ou "espertinho" o tempo todo.
Na hora em que isso acontece com o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, o procedimento padrão e banal desses animais passa a ser "crime de constrangimento ilegal". Agora, experimenta ir numa delegacia de madrugada para registrar uma ocorrência dessas (não vale tentar isso se você for "importante"). Vão rir na sua cara.
Leiam aqui em O Globo. Quatro viaturas da polícia civil voaram para o local. Em um primeiro momento, é engraçado, pensar que aqueles brutamontes se fuderam. Mas basta pensar um pouco para sentir o estômago embrulhando.

13 fevereiro, 2003

Os melhores LPs da minha juventude

Truth, de Jeff Beck




Na opinião de quem realmente manja do assunto – como o dublê de engenheiro e colecionador industrial de rock Rodrigo Cobra – o álbum Truth é “o melhor disco de blues branco já produzido”. Ao ouvir aquela inesquecível e jamais repetida formação do Jeff Beck Group estilhaçando o caminho das almas em “Let me love you”, fica difícil duvidar. Também, era covardia: na guitarra, Jeff Beck, que apesar de confuso em sua discografia conhecia os caminhos das notas como poucos, um talento quase sobre-humano. Nos teclados hammonds, um sujeito chamado John Paul Jones, que dois anos depois ajudaria a fundar o Led Zeppelin. No piano, o desarvorado Nicky Hopkins, presente em nove entre dez discos dos anos 60 e 70. Na bateria, Mick Waller, sobre quem eu não tenho informação. E no baixo, ninguém menos que o atual guitarrista (atual desde 1975) dos Stones, o completamente alucinado Ronnie Wood, que dali sairia direto para os Faces.

Não podia dar outra coisa a não ser um disco extraordinário do primeiro ao último sulco. “Shaaapeeees/Of things before my eeeeeeeyes”, disparada por Rod Stewart, o ex-coveiro que tentava a vida cantando blues (mais tarde, como em “Maggie Mae”, talvez tentasse a vida jogando sinuca).

A primeira vez que ouvi essa obra-prima deve ter sido lá pelos idos de 1980. Meu irmão mais velho comprou, e eu primeiramente me limitei a ouvir a melodia de “Greensleeves”, para muitos a primeira música a ser aprendida ao violão – Jeff Beck abria o lado B do disco com ela, segundo ele próprio, “a lovely toon”. Apenas violão e uma sensação de paz quase lisérgica. Mas lembro de que eu tinha que levantar rápido e tirar a agulha do disco, porque mal acabava a candura de “Greesleeves” e já vinha de novo Rod Stewart (em “Rock My Plimsoul), antecedido pela furiosa multiplicação de nervos que ocorre sempre que Jeff Beck, Ronnie Wood e Mick Waller se encontravam no infinito. “Rock me all night long, you know, rock me baby, rock me all night long”, todas essas coisas meio edipianas de homem-mulher que se cantadas hoje por esses cinqüentões (ou sessentões) podem até soar ridículas (tanto que Rod passou a gravar Cole Porter, mais de acordo com sua idade – “I get no kick from champagne...”), mas para um imberbe em busca de afirmação, oh, sim, é tudo o que a gente precisa pelo menos por três minutos. E Rod e a guitarra de Jeff dialogavam da forma mais cafona e empedernida possível, mas adoravelmente cafona.

Bom, mas voltando a “Shapes of things”, ou melhor, a “Let me love you”, a segunda do lado A, que mostrava um baixista incrível – Ron Wood. “Mas não é o guitarrista dos Stones?”, perguntávamos. Era ele mesmo, em “Let me love you”, mostrando como se ia e como se voltava em uma linha de baixo, jogando o casaco em cima da poça para a dama Rod Stewart passar seca e sem se molhar, implorando para deixar amar, deixar amar. Segundo o próprio Jeff Beck, essa música é parceria dele com o Rod Stewart. Mas esse é o tipo de verdade que não costuma ser defendida com unhas e dentes por quem estava vivo em 1967.

Hoje a minha preferida do disco é essa terceira música, “Morning Dew”, regravada recentemente por Robert Plant (que lhe deu uma forma interessante e muito boa de ouvir) e colocada na trilha sonora de “The Bangers Sisters” (Doidas demais, com Susan Sarandon e Goldie Hawn). Vale a pena ouvir as duas versões – perto de Rod Stewart berrando “weel i heaaaarr a young man cryyyyy”, Plant parecerá “cool” e frio pela primeira vez. Mas será só impressão.

Eu já tinha ouvido o “Led Zeppelin 1”, disco que adoro até hoje, quando ouvi o “Truth” pela primeira vez. Adorava a versão do Led para “You shook me” (se não me falha a memória, do Willie Dixon), mas implicava com o duelo esquisito de voz/guitarra que eles faziam no final. Mas aí veio essa do “Truth”, anterior, mas com Rod Stewart destruindo, e a banda entrando toda de uma vez, bom, é algo a se ouvir com pelo menos um copo de vodka na mão. E você ainda estará no finalzinho da vodka (dá tempo de pegar mais uma dose) quando tambores de orquestra suaves e sussurros de coveiro rouco anunciarem a chegada de “Ol´ Man River”, música tradicional americana cantada até pelo mafioso Sinatra. Assim fechava um lado extraordinário de um disco idem.

Jimmy Page fazia uma pequena participação, não creditada totalmente. Quer dizer, eles gravaram uma espécie de “Bolero de Ravel” na guitarra, aquela embromação toda que Claude Lelouch empurrou goela abaixo da intelectualidade brasileira (que fique bem claro que eu acho o Bolero de Ravel uma grande merda), e creditaram a música ao Jimmy Page, coitado. Duvido que seja dele. De qualquer maneira, é apenas uma introdução até correta para o massacre que se segue: “Blues de luxe”, com um dos mais maravilhosos e imundos solos de piano da história do blues, um Nicky Hopkins martelando ensandecido o piano, indo até as notas extremas, tocando com uma paixão que faz falta na música em qualquer tempo, em qualquer época (a boa música sempre existirá, assim como sempre existiu e sempre existirá a música desapaixonada). Rod Stewart abusa nos vocais, “You don´t know not much about love, baby/I am sitting, sitting, sitting in my lonely room, tears rolling down my eyes”, e ao terminar o solo de piano, Jeff Beck parece “pedir licença”: faz uma espécie de vinheta com a guitarra e envereda putaquepariu a baixo (e a cima) com um solo de deixar qualquer Yngwie Malmsteen parecendo guitarrista de churrascaria. Blues de Luxe é gravada ao vivo, e inserida sabe-se lá com que critério nessa verdadeira colcha de (maravilhosos) retalhos que é o “Truth”. A vaidade enorme de Jeff (vaidade, aliás, famosa e reconhecida) provavelmente fez ele se emputecer após o solo de Hopkins e sair destruindo. Depois de ouvir “Blues de Luxe”, até mesmo a deliciosa regravação de outro clássico de Willie Dixon, “I ain´t superstitious”, fica levemente sem sal – é preciso ouvir em separado, para entender que também é espetacular.

Ouvir esse disco me dá a impressão de que o encontro de pessoas depende ainda do tempo em que acontece – neguinho acredita em astrologia para as estrelas, mas eu defenderia uma astrologia para pessoas. Ou seja, ao invés de falar de Saturno entrar em linha com Plutão, pensar, “de quando Jeff Beck se alinhou com Ron Wood, que estava na casa de John Paul Jones, que estava no signo de Rod Stewart”. Um encontro não é apenas algo ensaiado, composto, produzido, meticuloso, como um “Tribalistas” (sem querer julgar o mérito da obra). Tem algo de mágico – talvez os encontros musicais mais fortuitos sejam aqueles cobertos pelo manto do “Nunca Mais”. Nunca mais os Rolling Stones e Bob Dylan cantarão juntos embaixo do Cristo Redentor, sim, por isso aquele momento foi tão forte. Jeff Beck ainda produziria o “Ola”, mas a formação era diferente. Com certeza, porém, o vaidoso e polêmico guitarrista sabia que estava participando de um momento único, como a concepção de um filho.

Ah, bom, ou então, sei lá, se eu perguntar isso sobre o “Truth” para ele um dia, ele me responda, “não sei, eu tava de porre” – mas quantos filhos não foram feitos com os pais meio de porre?

Enfim, do primeiro ao último segundo, o “Truth” é uma obra perfeita, que carrego comigo praticamente desde os 12 anos. E olhem que, infelizmente, em nossas vidas, é difícil podermos dizer que temos algo que não muda desde os 12 anos – uma idade em que tudo começa a mudar e a gente mal sabe se a verdade também muda.

“Truth” não mudou. Felizmente.

Ah, a juventude...
Peguei essa num blog muito interessante que achei no Botequim: o Chute no crítico, de autoria do crítico musical Marco Antônio Barbosa. O cara compila as dezenas de emails que recebe diariamente por causa de seu trabalho de crítico (a maioria descendo o sarrafo nele) e publica na íntegra, fazendo algumas considerações, a maioria sensacionais e bem humoradas. A conclusão: as pessoas não estão preparadas para nenhum tipo de crítica que não seja a favor.
Usando esse raciocínio, o Paulo Francis não teria escrito uma linha e nem teria sido o colunista mais lido da Folha de São Paulo durante alguns anos.
Mas vamos à carta-crítica que destaco:
"Boa tarde senhor Marco
Queria fazer uma pequena sugestão. Que tal rever seus conceitos musicais?? Ou pelo menos seus próprios conceitos criticos...
Pena senhor, você afugenta os próprios clientes...tsk,tsk,tsk, muito pouco inteligente!
Vamos ser + claros, meu nome é Pamela, tenho 23 anos, tenho namorado, e fui criada ao som da Jovem Guarda por conta de meus pais.
Hoje eu sou fã do grupo KLB. E gostaria de saber o que senhor tem contra eles?? Sua resenha não atinge o KLB, atinge seus fãs que se magoam ao ver o pouco caso e a falta de respeito com que certas pessoas tratam seu trabalho.
O senhor já foi a algum show? Já ouviu eles cantando outras músicas além dessas do CD? Então acho melhor não comentar nada antes de falar o que não deve.
Na época de Roberto Carlos muita gente também virou a cara e falou poucas e boas, e algumas até hoje falam. Muitas vezes o feitiço vira contra o feiticeiro, e quem sabe daqui a cinco anos quando acaba o contrato do KLB com a Sony eles não estarão assinando um por mais cinco? E calando a boca de "criticos" que não sabem respeitar o trabalho alheio.
Um abraço
Pamela"

Gostar do KLB? Nem sei o que dizer sobre isso. Mas uma pessoa ser criada ao som da Jovem Guarda? Deveriam prender os pais dessa pobre criança. Imagine você com doze anos assobiando "Pobre menina".

12 fevereiro, 2003

A internet, essa desconhecida
Recebo, via email, do famigerado Cascalho Ventura - que hoje em dia habita as plagas paulistas - a seguinte "dica" (se é que se pode chamar assim) de site: é o português Lado Negro, uma compilação com tudo o que existe de mais hard core em diversos setores, desde sites com imagens de violência até organizações de cristãos pela maconha. Sem contar que pela primeira vez na minha vida eu vi um desses sites de "noivas russas" - eu achava que era lenda. Mas está lá, é só procurar. Agora, aconselho antes ler o tutorial dos caras, onde eles recomendam "se não gostar, não volte". Vale o recado.

Por que às vezes é melhor voltar a trabalhar
De férias, terça-feira, final da tarde - após um dia pedalando ao sol, suando - dentro do meu quarto refrigerado, fico zapeando entre os canais. Volta e meia me deparo com o programa sempre tenebroso do João Kléber, que por incrível que pareça tem uma legião de simpatizantes por aí (na última vez que comentei algo recebi vários comments ameaçadores).
Atração do momento: ex-mulher do sambeiro ou pagodista Waguinho (do conjunto Os Morenos) reclama dele por causa de não pagamento de pensão. De um lado, pesando - literalmente - 120 quilos, a ex-mulher de Waguinho, berrando, dizendo que ele é um mentiroso. De outro, pesando uns 70 quilos, o Waguinho, que fica sorrindo cinicamente, negando as acusações. E rebate tudo dizendo que a ex vendeu por quatro mil reais um carro que valia pelo menos sete. "E onde foi parar esse dinheiro, meu Deus", completa João Kleber, como se falasse dos trinta milhões da tribo dos Silveirinhas.
A troca de canal após dois minutos é inevitável. Dou uma olhada na entrevista de Kate "Almost Famous" Hudson no programa do David Letterman, e chego à conclusão de que Letterman é chato pra cacete. Prefiro bate-boca de pagodeiro.
Mas eis a surpresa: 15 minutos depois, o que passa no programa do João Kleber não é mais o Waguinho batendo boca por causa de pensão. Deixo para o dedo-duro (a legenda que "chama" os telespectadores zappers para esses programas das TVs menores) explicar o que acontecia: "Waguinho solta a voz no programa Canal Aberto".
Isso sim é que é ser polivalente: o cara vai no programa, bate boca com a ex-mulher. Cinco ou dez minutos depois, ele está fazendo um play-back de seu mais novo sucesso.
Não continuei a ver, porque no mínimo a essa altura a ex-mulher dele iria aparecer dali a cinco minutos dando uma receita de rabada com agrião.
Por essas e outras é que não é tão ruim assim voltar a trabalhar.

O tutorial dos gases
Recebi o abaixo por email e achei espetacular. É engraçada a mistura de linguagem técnico-científica com a palavra "peido". E ótima a frase "mulheres peidam tanto quanto homens. O caso é que os homens têm mais orgulho disso.". Leiam e divirtam-se.
Tudo que você queria saber sobre o flato e não tinha coragem de perguntar
Tese de Doutorado do Sr. Pay H. Day


Do que é feito o peido?
A composição do gás é altamente variável. A maior parte do ar que engolimos, especialmente o componente Oxigênio, é absorvido pelo corpo antes que o gás alcance os intestinos. Quando o ar atinge os intestinos, a maior parte do que resta é nitrogênio. Reações químicas entre o ácido estomacal e os fluidos intestinais também podem produzir dióxido de carbono, que também é um componente do ar e um produto da ação bacteriana. Bactérias também produzem Hidrogênio e metano.
O que faz os peidos federem?
O odor dos peidos vem de pequenas quantidades de sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico) e "skatole" na mistura. Esses compostos contêm enxofre. Quanto mais rica em enxofre for sua dieta, mais desses gases vão ser produzidos pelas bactérias no seu intestino e mais seus peidos vão feder. Pratos como couve-flor, ovos e carne são notórios por produzirem peidos fedidos, enquanto feijão produz grandes quantidades de peidos não necessariamente fedidos.
Por que peidos fazem barulho?
Os sons são produzidos pela vibração da abertura anal. O som depende da velocidade da expulsão do gás e de quanto estreita for a abertura dos músculos do esfíncter anal.
Quanto gás uma pessoa normal produz por dia?
Em média, uma pessoa produz mais ou menos um litro de peido por dia, distribuído em cerca de 14 peidos diários. Pode ser difícil para você determinar o volume dos seus peidos diários, você pode estimar quantas vezes você peida. Você pode pensar nisso como um pequeno experimento científico: anote tudo que você come e conte o número de vezes que você peida. Você pode inclusive anotar sobre o fedor deles. Veja se você pode descobrir uma relação entre o que você come, quanto você peida e quanto seus peidos fedem.
Quanto tempo demora até que o peido chegue até o nariz de alguém?
Isso depende das condições atmosféricas como umidade e velocidade do vento, e da distância entre as pessoas também. Os peidos também se dispersam, e sua potência diminui com a diluição. Geralmente, se o peido não for percebido dentro de alguns segundos, ele vai ser diluído demais para ser percebido e perdido na atmosfera para sempre. Condições excepcionais existem quando o peido é liberado numa área pequena e fechada como um elevador, um quarto pequeno ou um carro, porque essas condições limitam a quantidade de diluente possível (ar), e o peido vai permanecer numa concentração perceptível por mais tempo, até que se condense nas paredes.
É verdade que algumas pessoas nunca peidam?
Não, se elas estiverem vivas. Pessoas podem peidar até mesmo um pouco depois de mortas.
Até estrelas de cinema peidam?
Sim. Assim como avós, padres, reis, príncipes, cantores de ópera, misses e freiras. Até o Yoda peida. >
Homens peidam mais que mulheres?
Não, mulheres peidam tanto quanto homens. O caso é que os homens têm mais orgulho disso. Existe uma grande variação em quanto gás uma pessoa pode produzir por dia, mas essa variação não está relacionada ao sexo. Talvezhomens peidem com mais freqüência do que mulheres. Se isso for verdade, então as mulheres tendem a segurá-los e então liberar mais gás por peido.
Em que parte do dia um gentleman está mais sujeito a peidar?
Durante a manhã, quando estiver no banheiro. Isso é conhecido como "trovão matinal", e se o gentleman conseguir uma boa ressonância, ele pode ser ouvido na casa inteira.
Por que feijão faz as pessoas peidarem tanto?
Feijão contém açúcares que seres humanos não conseguem digerir. Quando esses açúcares chegam em nossos intestinos, as bactérias fazem a festa e produzem um monte de gás! Outros produtores notórios de peidos são: milho, pimentinha, repolho e leite.
Um peido é mesmo só um arroto que saiu pelo lado errado?
Não, um arroto vem do estômago e tem composição química diferente de um peido. Peidos têm menos ar atmosférico e mais gases produzidos por bactérias.
Por quanto tempo seria possível não peidar?
Um peido pode escapar toda vez que uma pessoa relaxa. Isso quer dizer que muitas pessoas que assiduamente seguram seus peidos durante o dia devem peidar um monte quando dormem. Então a resposta seria: você pode segurar seus peidos pelo mesmo tempo que conseguir ficar acordado!
Para onde vão os peidos quando você segura eles?
Quantas vezes você segurou um pum, pretendendo soltá-lo na primeira oportunidade apropriada, e depois descobriu que ele tinha desaparecido quando você estava pronto? Ele saiu lentamente sem a pessoa saber? Foi absorvido pela corrente sangüínea? O que aconteceu com ele? Os médicos concordam que o peido não é nem liberado nem absorvido. Ele simplesmente volta para os intestinos e sai depois. Isso reafirma o fato de que os peidos não são realmente perdidos, e sim adiados.
É possível mesmo "acender" peidos?
A resposta para isso é SIM! Entretanto, você deve estar avisado de que colocar um peido em iginição é perigoso. Não só a chama pode subir de volta para seu cólon, como a sua roupa e o que estiver ao redor pode pegar fogo. Cerca de um quarto das pessoas que já fizeram isso se queimaram. Também existem casos em que os gases intestinais com um teor de oxigênio mais alto que o normal explodiram durante cirurgia quando algum tipo de cauterizador elétrico foi utilizado pelo cirurgião.
Por que é possível queimar peidos?
Porque normalmente esses gases incluem metano e hidrogênio, ambos são gases inflamáveis. Peidos tendem a se traduzir em chamas azuis ou amarelas.
É possível acender um fósforo com um peido?
Não, a menos que o peido tenha a consistência de uma lixa. Além disso, peidos têm a mesma temperatura do corpo quando saem, e essa temperatura não é suficiente para iniciar uma combustão.
Por que meninas não assumem seus peidos?
Acho que você deveria começar dizendo que somente algumas meninas não assumem seus peidos. A razão é que elas devem ter sido ensinadas a pensar que peidar não são coisas que uma dama faça. É um grande erro pensar que peidos não são coisas de dama. Todas as pessoas peidam, incluindo damas. Se qualquer coisa que damas façam são coisas de damas, então isso inclui a emissão de gases anais.
Se eu ficar o dia inteiro cheirando o peido de outras pessoas meus próprios peidos vão ser mais fedidos?
Não, peidos inalados vão para seus pulmões, não para seu sistema digestivo. Talvez alguns componentes do peido passem para sua corrente sangüínea mas não todos. Se você quer se beneficiar de peidos de outras pessoas, você vai ter que engoli-los de alguma forma.
Cheirar peido deixa chapado?
Não se conhecem agentes intoxicantes na flatulência. Entretanto, a maior parte dos peidos contém muito pouco oxigênio e você pode ficar tonto se inalar uma quantidade superconcerntrada de essência de peido, simplesmente por falta de oxigênio. E se você está respirando rápido perto do peido para cheirar o mais possível, pode ficar tonto por causa de hiperventilação, não do peido.
Um peido pode te matar?
A opinião médica é que não, um peido não pode ser fatal. Mas se você tentar bastante e com afinco, pode se matar com qualquer coisa. Dizem de um homem que ligou seu nariz ao seu ânus com um sistema de máscara de gás, tubos de borracha e um cano oco de madeira. Morreu sufocado. A história de um gordo restrito à própria cama que morreu por inalação dos seus peidos, e cujos peidos quase mataram os paramédicos, é lenda urbana.
É verdade que mulheres podem peidar pela vagina - e de onde vem o gás?
Sim. O gás que emerge é simplesmente ar preso; não há produção de gases na genitália feminina. O ar pode entrar porque o sistema está aberto ao meio externo. Americanos chamam isso de "queef".
Um homem pode peidar por sua abertura genital?
Normalmente os homens negam isso enfaticamente.>
É possível enlatar um peido para uso posterior?
Teoricamente sim, mas há uma série de problemas logísticos. Você pode tentar usar um saco plástico ao invés de uma lata. Você pode usar o seguinte como uma experiência de feira de ciências: Peide em vários sacos plásticos e feche, vede com cuidado. Então encha outros sacos com ar normal. Espere 24 horas. Então eleja voluntários para cheirar o conteúdo dos sacos para ver se eles conseguem dizer se o que tem ali dentro é peido ou é ar. Isso vai te dar a informação se é possível estocar peidos. Se você fizer na banheira, e se inclinar de forma que seus peidos emerjam como bolhas na sua frente e não por trás, você pode pegar as bolhas uma garrafa, e ter peidos dentro de garrafas sem estar contaminados com ar atmosférico.
É estranho gostar de peidar?
Não é incomum. Se a pessoa peida numa quantidade que lhe traz problemas e infelicidade, deveria consultar seu médico.
Que cor é o peido?
Via de regra, incolores, porque os gases que o constituem são incolores. Imagine que interessante seria peidar laranja, tipo dióxido de nitrogênio. Ninguém mais perguntaria de quem é o peido.
Outras pessoas cheiram mais o peido do que quem peidou?
O peido deveria cheirar tanto para quem o fez quanto para as outras pessoas. Mas quem fez está protegido pelo fato de que propeliu o ar para longe do seu corpo numa direção oposta à do seu nariz. Peidar contra o vento anula essa vantagem.

(NOTA DO BLOG: Por isso é que é o peido e não o cachorro o melhor amigo do homem - afinal, o peido nunca ataca seu próprio dono)

11 fevereiro, 2003

De volta aos 40 graus
Cheguei ao Rio exatamente no momento em que o time do Flamengo pagava um dos maiores micos da história do clube, levando três gols do time baba do Fluminense em 12 minutos. Tive que ouvir no rádio do carro de meus amigos. Uma lástima. Que incrível, esse time do Flamengo, com um zagueiro que pinta o cabelo e três meio-campistas que não marcam....
Penedo foi exatamente o que eu precisava para renovar tudo. Só não curei completamente a tendinite, apesar de diversas sessões de hidromassagem e cachoeiras terem ajudado bastante. Mas recomendo a cidade e suas pousadas, para quem quer passar uns dias sem aporrinhação. Em Penedo.Org você cadastra um email qualquer, escolhe a faixa de preço e o que você precisa, e em pouco tempo recebe várias ofertas.
Escolhi o Casa Encantada, e não levei celular porque não queria ser surpreendido com nada, principalmente assuntos do jornal. Foi muito bom - a pousada fica a três minutos a pé do Centro, onde tem uma rua chamada Vila da Gula, com dezenas de restaurantes e bares. E na pousada, tem piscina, sauna e hidromassagem.
Entre os estabelecimentos, uma míni-vila chamada Pequena Finlândia, com várias lojas de artesanato, bares, bombonieres, etc. Em frente à Pequena Finlândia, tem a loja Sorvete Finlandês - um capítulo à parte, principalmente os de frutas.
Enfim, a única nota destoante da ótima viagem (ainda conheci o Parque Nacional de Itatiaia e sua cachoeira Véu da Noiva) foi a muquiranagem dos donos da pousada. Paguei de domingo a domingo, mas durante três dias (terça, quarta, quinta e um pouco de sexta), neguinho desligava a hidro, esquecia a sauna, "limpava" a piscina (uma "limpeza" que durou dois dias?), enfim, tudo para economizar uns trocados. Claro, "só" havia dois casais na pousada, fodam-se eles.
Foi decepcionante ver que, à medida que outras pessoas chegavam, os serviços iam se "profissionalizando": piscina, hidro e sauna permanentemente ligadas, duas pessoas para atender pedidos na piscina, cascatinha da mesma ligada, enfim, tudo funcionando - até ovos mexidos no café da manhã.
Não pretendo voltar a essa pousada, por isso, recomendo que, quem for, procure no portal virtual de Penedo a pousada Pequena Suécia, me pareceu ótima. Seja como for, o que não falta é pousada naquela cidade.
E além de tudo, nessas férias em Penedo, eu tive o melhor de tudo, que foi a companhia de alguém que eu amo.

01 fevereiro, 2003

Não, desliga você, desliga você
Agora é para desligar mesmo. Voltei ao Blogger só para pedir que a galera continue prestigiando o RH NEGATIVO, coloquei mais um post lá.
E se você gostou, na época da Copa do Mundo, do meu blog A Copa vista da Cozinha, aguarde: vem aí, em 28 de março, mais uma atração futebolística.

Retomando a vida
Alguns compromissos que queria registrar aqui, não somente para exposição pública, mas para que eu mesmo me lembre - ao terminar minhas férias, em 11 de fevereiro, devo:
1- Começar o projeto "À esquerda..." com o Mau (um projeto ainda secreto), que atrasou por causa da minha tendinite.
2- Voltar a escrever para o Falaê
3- Escrever, sempre que convidado, para o Projeto Lemes, do meu contemporâneo Alexei.
4- Fazer acupuntura para curar de vez a dor da tendinite (e talvez fazer fisioterapia)
5- Começar, a partir da quinta-feira, dia 20 de fevereiro, na Spin (Rua Teixeira de Melo, 21, Ipanema), o projeto Salvem Elisângela (outro segredo por enquanto, mas vai ser algo engraçado)
6- Talvez entrar na auto-escola, junto com Marcele.
7- Ir mais ao Maracanã
8- Estudar para mais dois concursos
E, finalmente, escrever mais aqui nessa bodega, já que vou passar uma semana sem sequer olhar este espaço. Bom, até a volta então. Bom fevereiro para todos.

Para partir bem
Devo passar uma semana em Penedo descansando de tudo, até das vicissitudes tecnológicas. Mas antes da partida, alguns detalhes poderia tornar minha viagem melhor ainda:
Para ser uma viagem feliz - Flamengo vence o Cabofriense por 3 a 0, dois gols de Fernando Baiano.
Para ser uma viagem muito feliz - Flamengo vence o Cabofriense por 3 a 0, dois gols de Fernando Baiano, eu acerto esse e mais três jogos do LotoGol e ganho uma grana
Para ser uma viagem inesquecível - Flamengo vence o Cabofriense por 3 a 0, dois gols de Fernando Baiano, eu acerto os outros quatro jogos do LotoGol e ganho uma grana pesada
Para ser uma viagem sem volta - acerto na Megassena.

O "lifemovie"
A onda é criar expressões em inglês - ultimamente, mais do que nunca. Uma nota do Globo deste sábado dá uma idéia: o Helio de La Peña, irônico como poucos, comentando "para que batizar de 'fun floor' um andar, se temos a palavra em português que é 'playground?''. No próprio Globo, neguinho escreve "a festa vai ter área para chill out (vá lá o que se seja) e lounge com dubs, trance, acid, house-mix e "debê". Aí você pensa: enfim, "debê", uma palavra em português. Os caras iniciados e entendidos vão e te corrigem:debê é "drum and bass". Ah, bom. Eu, porém, sou mais da linha do engenheiro e historiador do rock Rodrigo Cobra: drum and bass para mim sempre foi Ginger Baker e Jack Bruce.
Mas, enfim, não é sobre xenofobia que quero escrever. Queria propor a criação de um termo: o lifemovie. Aplicar-se-ia a todos aqueles filmes aos quais alguém, em algum canto do planeta, pode se referir como "pô, é o filme da minha vida".
Por que pensei nisso? Porque esta semana, com Marcele, vi "Cinema Paradiso" pela segunda vez. Havia visto no cinema, o falecido Metro Boavista (um sinal de velhice é quando você já foi a pelo menos cinco cinemas extintos: Ópera, Rian, Veneza, Coral, Scala e Metro Boavista. E nem vou citar o Art-Copacabana), há 13 anos. Comprei-o em DVD na banca de jornal, mas é desses filmes que nos dão a náusea mais primitiva. A náusea suprema que o século 20 trouxe para a raça humana em definitivo, que é a de contemplar imagens passadas - até o início do século passado, isso não era possível para o ser humano, é só pensar nisso (só uns poucos reis renascentistas e mecenas gordinhas e peladas de Boticelli).
Em duas horas, o telespectador se depara com o horror de saber que a vida é verdadeira - um horror trazido de forma lírica, doce e extraordinária por Giuseppe Tornatore. Quando Totó, seu personagem principal, retorna à velha cidade após mais de 20 anos, todas as seqüencias são absurdamente comoventes, pungentes. "Eu pensei que eu iria ter saudade, pensei que eu sentir falta de algo, mas está tudo tão aqui, na minha frente, e no entanto não conheço ninguém", diz Totó a uma envelhecida mãe (que é mostrada linda no filme, no início).
Tal frase acontece depois do enterro do velho Alfredo, em que Totó estranha: o dono do cinema o chama de "senhor". Sim, ali ele tem um choque enorme - outro dos sinais de envelhecimento é a mudança de tratamento. Mas ele não poderia esperar aquilo do dono do cinema, que após o enterro vai ver a demolição - a prefeitura vai construir um estacionamento no local. É mais útil, com o excesso de carros. "E as pessoas já não iam mais, Totó. Tem a televisão, o videocassete, outras diversões, ninguém ia mais", diz o dono do cinema, uma frase que emendou na minha mente com a da mãe de Toto - "só há fantasmas".
"Cinema Paradiso" é sem dúvida um "lifemovie". O filme da minha vida, ainda digo, é "A Felicidade não se compra", de Frank Capra. Mas poderia ser "Cinema Paradiso", sem dúvida. Tornatore fez uma parábola doce e trágica sobre os efeitos colaterais do crescimento econômico e tecnológico - sim, um cinema, um lugar de magia, dando lugar a um estacionamento (como aqui dão lugar a igrejas pentecostais), porque afinal de contas nós temos o videocassete. Efeitos colaterais estes que talvez foram levados às últimas conseqüencias por Orwell em "1984", obra em que "big brother" não significa somente um bando de retardados trancados dentro de uma casa sem fazer nada.
Sim, "Cinema Paradiso" talvez seja a história da triste vitória da impessoalidade. Vai ver, por isso que eu gosto de botequim - ao invés de digitar senhas ou dar meu número de CPF, minha vida se resolve com um "pendura a conta, seu Joaquim".

Questionamentos sobre a barriga
Por que diabos o excesso de gordura no ser humano tem que ser localizado na cintura? Não podia ser na sola do pé (assim eu até cresceria, porra)? Que imperfeição é essa? Por que Deus criou esse dispositivo? Somente para impedir os italianos de prosperarem com os rodízios de pizza? Para preservar a raça bovina e impedir que todos se alimentem todos os dias em churrascarias rodízio?
São os questionamentos que mais tenho feito nos últimos dez dias, em que enfrento uma dieta pesada. Somando todas as opiniões divergentes e convergentes sobre como perder a barriga, há anos que eu cheguei a um "conjunto interseção": tem que fechar a boca.
Claro, cortar pães, massas, carnes gordurosas (ou seja, as melhores coisas da vida), é obrigatório. Sorvetes? Nem pensar. Refrigerantes, só light - já estou me adaptando por completo à Coca Light e espero chegar ao ponto supremo de achar que é melhor que a comum (apesar de eu ter certeza de que essa porra engorda, porque só vejo gordo bebendo isso).
Já fez um efeito: ganhei duas calças que havia perdido. Mas ainda há muito o que caminhar. O mais difícil é à noite, quando sinto ímpetos de entrar no Cervantes, devorar oito filés com queijo, nove chopes, e simular um infarto na hora de pagar a conta. Tem sido brabo dormir de barriga vazia, pois para mim é tradicional "um rango para dormir bem".
Mas vai ouvir um endocrinologista, vai. O dono da birosca foi a um há alguns anos que mandou a seguinte frase: "tome café da manhã como um rei, almoce como um príncipe e jante como um escravo". Certíssimo. Afinal, na hora em que você vai menos precisar de queimar "combustível" (ou seja, na hora de dormir), você vai acumular?
É um sacrifício enorme, ficar sem comer (substituindo refeições por milk-shakes e cortando o pão). O ponto alto foi depois do cinema com Marcele: saímos e ela foi ao Spoletto - prefiro a Tratoria, pois são massas legítimas. Mas posso te garantir que, quando você está com fome, ficar dentro do Spoletto vendo macarrões com queijos diversos, lingüiças, bacons, gorgonzola, molhos, etc, é algo que requer a força mental de um budista.
Eu só queria entender mesmo, saber se é genético, porque as outras pessoas, as pessoas normais, comem pizza uma vez por semana, vão ao McDonald´s, comem batatas fritas, sim, queria entender por que neguinho come pra cacete e não pega barriga como eu.
Mas posso adiantar uma coisa: a sensação de "ganhar" uma calça que havia perdido é tão prazeirosa quanto a de comer uma pizza do Tiramisú.